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Ser filha bem distante do útero

  • Foto do escritor: Bruxona
    Bruxona
  • 11 de mai. de 2022
  • 3 min de leitura

Hoje é o dia que nos juntamos a nossas mães, genitoras, responsáveis por cuidar de uma célula e transforma-la em um ser humano completo. E que trabalho! Hoje comemoro esse dia, a existência dessa pessoa tão importante, a mais importante da minha vida, longe. A distância é algo colocado entre nós para nos impedir o gesto mais amoroso possível: o toque. Posso não lembrar da primeira vez que a vi, da primeira vez que amparou meu choro ou até a primeira vez que dei risada e a toquei, mas me lembro de todas as vezes em que fui acolhida, desde a minha primeira memória até pelo último telefonema, o olhar mais carinhoso que já tive a oportunidade de ver, ainda que fosse pela videochamada.


Minha mãe me ensinou inúmeras coisas. Me ensinou que preciso escovar os dentes, jamais estar com a roupa rasgada, principalmente a roupa íntima. Ela sempre falou algo sobre "imagina se você sofre um acidente e o médico vê", como se ele não fosse se atentar para meus ferimentos, mas o que ela quis dizer é: tenha cuidado. Ela foi meu lar por nove meses, me cuidou, me aninhou e seus braços foram minha segunda casa. Fiz inúmeras mudanças ao longo desses 26 anos, mas a verdade é que ela sempre será meu lar. Eu ainda caibo no seu colo, seus braços me alcançam e suas mãos sempre sabem o que fazer, assim como sempre sabe o que falar.


Minha mãe é a pessoa mais determinada, responsável, forte, inteligente e resiliente que eu conheço. Ela leva consigo tudo que amo e admiro dos meus avós, traz algo único, uma luz especial e me deu um pouco ao me parir, ou melhor, ao me dar a luz. Melhor assim, né mãe? A mulher que me ensinou a ser mulher me enche de orgulho todos os dias, em todos os sentidos. Me lembro dela, incansável, trabalhando em uma repartição pública, cercada de pessoas e incansável. Me lembro da doçura de quem sempre me trazia uma caneta, um doce que significavam que havia pensado em mim e que me amava. Me lembro das vezes que não dormia, ao meu lado na cama, com compressas, baldes e chás, além das rezas, mas jamais chorou.


Ela não tem medo de nada, ela é a dona do vento que me faz voar, a responsável pelas minhas asas e por eu querer ser sempre seu orgulho. Neste dia das mães estarei longe por conta de algo invisível, mas jamais estarei longe dela. As poucas vezes que tive contato com a morte, todas, todas, me mostraram que nós passamos para esse estágio, este "formato" invisível para os olhos mas, mais do que nunca, as pessoas estão dentro de nós, estão com a gente. Minha mãe me fez nascer, renascer, ressuscitar e me fazer viver. Se hoje respiro foi porque, há 26 anos, você continua me dando a luz. Minha mãe é meu respiro da realidade, é quando me volto para o meu eu mais íntimo e quando encontro uma pessoa que me conhece mais do que eu mesma.


Tudo o que sou, tudo o que sei, devo a você. O que aprendi sobre feminino, o que aprendi feminismo, o que aprendi sobre essência, tudo foi com você e por você: a responsável por me abrir os olhos, os braços e, o mais importante, as asas. Me ensinou a olhar, observar, sentir e a voar. Como um passarinho no ninho, você sabe como ser mãe dos seus filhos, por mais que o ninho as vezes seja diferente, a gente sabe que o meu é muito cheio de livros e objetos "inúteis". Eu não sou nem um pouco objetiva ou direta como você, mas dou voltas e voltas e acabo em ti. Obrigada por tornar qualquer lugar ninho, afago e carinho.


Ela não gosta do próprio nome, lembra "dores", mas a verdade é que ela consegue tirar toda a dor de mim, por mais que as vezes essa retirada doa muito. Ela me sara como ninguém. Mãe, a pessoa mais importante da minha vida, a mais essencial. Obrigada por me fazer respirar fundo todos os dias, obrigada pelos olhares e pelos acalentos. Eu te amo com um amor que jamais poderei explicar, jamais poderia sintetizar em palavras ou ações. Eu te amo do jeito mais singelo e puro, te amo desde o dia que pude ter consciência e te amarei até não ter mais.




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Nathália

Jornalista, nascida em 1994 e apaixonada por História. Minha missão é fazer com que você conheça alguma mulher incrível todos os dias. Bora?

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