Lembranças de um Carnaval e um 2020 Amarelo
- Nathália

- 11 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
(texto publicado, originalmente, no dia 12 de dezembro de 2020)
O ano passou de uma maneira atípica. Esquisita. Estranha. E nessa procura eterna de atividades e formas de se distrair em casa, mesmo depois de nove meses, a busca por manter a sanidade permanece a mesma desde o início disso tudo, ainda em março. Foi no meio dessa busca, após ver a entrevista de Emicida, Krenak e Gil e, na sequência o show AMARELO de Emicida que decidi partir para o Netflix.
Há poucos dias o documentário, que leva o mesmo nome do disco/show, fora lançado. Resolvi assistir no comecinho da madrugada e foi a melhor decisão da vida.
Emicida não só me presenteou com uma companhia absurda, letras tocantes e um material RIQUÍSSIMO, como me emocionou e me manteve arrepiada por horas a fio - mesmo depois do final do documentário. Hoje resolvi escutar as músicas e assistir seus clipes e me deparei com essa cena em "É tudo pra ontem" que ele canta com participação especial de Gilberto Gil. E, claro, revisitei uma lembrança não muito antiga, mas que dada as atuais circunstâncias de pandemia e isolamento social, me parecem de outra vida. Ver a obra de Emicida no documentário "Amarelo - é tudo pra ontem!" me lembrou memórias não tão distantes de um ano que parece que me engoliu.
Rever o Teatro Municipal de São Paulo - peça essencial na história da cidade e resgatado no documentário - me fez voltar para um período de muitas incertezas, sensações esquisitas, um final de bloco e um carnaval que foi muito importante pra mim. Eu sempre tive incertezas e muito medo relacionado a tomar algumas decisões que não pudessem ser desfeitas depois e, pior, que afetassem negativamente a minha vida e a quem mais estivesse próximo. Eu estava morando em São Paulo há quase uma década e eu vivia uma relação de quero-mas-não-quero ficar aqui. E ali eu tive algumas confirmações.
A verdade é que rever essa cena, muitos meses depois (quase um ano!) e infinitamente mais sóbria, mexeu comigo. A reposta continua a mesma e isso é uma confusão bizarra que me leva a estaca zero. Que saudade do Carnaval, do mundo sem um vírus mundial.
Talvez minha paixão e saudade de São Paulo esteja muito atrelada a certeza do lema da cidade: non ducor duco (não sou conduzida, conduzo0. Sampa me ensinou a ser livre, dona de mim, a correr atrás do que eu acredito e quero. SP me ensinou a confiar no fluxo, sempre tão intenso em todo lugar, e a confiar cegamente no processo. Tudo vai ficar bem.
Tudo vai ficar bem.









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