SUFRAGISTAS: a história do movimento pelo direito ao voto feminino
- Nathália

- 1 de set. de 2024
- 4 min de leitura
O sufrágio é um nome complexo para algo muito básico. Já pensou não poder estudar, trabalhar, separar e nem mesmo ter direito ao seu próprio dinheiro vindo de uma herança? Nada mais é do que uma mulher que reclama para o seu sexo o direito de voto em assembleias eleitorais, geralmente políticas. Esse é o seu significado. E parece que ainda estamos pedindo muito quando pensamos que há lugares que mulheres não são cidadãs, são objetos de troca e até um peso na vida dos outros. A real é que isso PODE e DEVE ser diferente, pode parecer um absurdo, mas a real é: somos seres humanos. E isso inclui direitos humanos.

Onde surgiu
Sendo um movimento ocorrido em vários países do mundo, entre o fim do século XIX e o início do século XX. A ideia era organizar uma luta das mulheres pelo direito ao voto e foi negado por muito tempo até em democracias. Pensando que a organização política sempre foi muito machista, o domínio masculino pelo poder excluía as mulheres com base na prerrogativa preconceituosa de que as mulheres eram incapazes de atuar no meio político.
Foi com este movimento que tivemos a primeira onda do feminismo, algo histórico que emergia na luta pela igualdade de gênero. Garantir o direito ao voto era o mínimo do mínimo para começarmos a alcançar novos lugares e deslumbrar novas oportunidades. Sem referência e sem conhecimento não sabemos o que almejar, muito menos o que é possível.

O que representa
O sufrágio é o início da PRIMEIRA ONDA do feminismo, é o o marco que começa a "contar" quando falamos de estudos e movimento pela igualdade de gênero no mundo. É com esse ponta pé, de sermos ouvidas em questões políticas que começamos a nos unir e entender mais e melhor o que nos impedia e como poderíamos combater teorias e crenças que nos foram impostas por centenas de anos. Na Europa (e depois, em outras regiões do mundo), a luta das sufragistas se misturava à luta do movimento operário como apoio aos trabalhadores, atuando em partidos associados ao socialistas e comunistas. Os países da Nova Zelândia e Finlândia foram os primeiros países a reconhecer o direito ao voto feminino, em 1893 e 1906, respectivamente.
Não é fácil se entender, muito menos quando você começa a perceber que talvez aquele único papel esperado para você, o de mãe-dona-de-casa, talvez, não se encaixe. Não faz sentido. Somos plurais e, assim como nossos sonhos, cada realidade e personalidade constituem um caminho a ser seguido - o que não necessariamente envolve família tradicional e cuidar da casa. E por que deveríamos renegar nossas ambições e sonhos?
Quem são os principais nomes
É justamente isso que mulheres como Mary Wallstone Craft, Millicent Fawcett e Emmeline Pankhurst fizeram: seguiram o que queriam ser e não o desejo de alguém que achava que lugar de mulher era dentro de casa, sozinha e isolada. Elas lutaram por acreditar que a vida deveria ser mais do que aquilo que lhes foi entregue. Vale lembrar que o sufrágio teve grande "divulgação", mas isso não quer dizer que foi apoiado pela maioria da população. Com o passar do tempo e dos estudos que as mulheres proporcionavam entre si, a própria divulgação, era natural que chegassem mais e mais meninas/mulheres querendo saber sobre esse tal de "direito".
As sufragistas sofriam diariamente com ataques contra sua integridade, moral e até mesmo afetando pessoas próximas, sobretudo se fossem mães. Entretanto, o seu valor não estava em recrutar outras mulheres, mas sim de fazer todos pensarem que TALVEZ, SÓ TALVEZ, as mulheres fossem seres humanos completos e íntegros como qualquer outro homem.

Foto: Reunião das sufragistas com a presença da líder do movimento, Emmeline Pankhurst.
E como isso afetou o Brasil?
Por aqui o direito ao voto veio em 1932 como algo"facultativo" para nós. Foi em 1933 que pudemos participar da escolha dos seus candidatos para a Assembleia Constituinte em todo o país. E, em 1934, houve a promulgação da nova Carta Magna de 1934 onde o direito feminino de se alistar foi transformado em dever.
Além do direito ao voto, também foi a primeira vez que mulheres puderam se candidatar e serem eleitas para cargos públicos dessa magnitude. Foi uma conquista histórica e o reflexo de um trabalho árduo de inúmeras mulheres que tornaram essa pauta o centro de suas vidas, através de muitos estudos e discussões.
Entre os principais nomes que tomaram a frente no sufrágio brasileiro se destacam Nisia Flores, Leolinda de Figueiredo Daltro, Bertha Lutz e Almerinda Gama. Elas foram pioneiras em suas frentes, em tornar esse tema algo acessível para o máximo de pessoas possível, além de deixarem claro que, com sua influência e relevância, estavam olhando para esse avanço com muita vontade de fazer acontecer. E fizeram.
O que desencadeou
Aqui podemos dizer que foi o começo de algo que se tornaria infinitamente maior, mas ainda é algo que lutamos muito para acontecer em algumas regiões do planeta. O básico, nem sempre, acontece. Mas essa primeira grande conquista coloca um novo horizonte na vida das mulheres, desde entender o que 'política é', até terem vontade de se candidatar a algum cargo público. Se antes os limites eram as paredes das nossas casas, agora as paredes são outras e atravessam ruas, prédios públicos e é só o começo.
Podemos dizer que o sufrágio feminino deu origem a construção do feminino com maior riqueza de detalhes e também agilizou o processo para alguns homens entenderem que além de mães, esposas e filhas, somos pessoas com desejos e sonhos. Somos profissionais e capazes de mudar não apenas o nosso rumo, mas a história.
Hoje vemos mulheres em cargo de poder com maior naturalidade, mas ainda longe do mundo ideal. Países como Alemanha, Brasil, Finlândia e Áustria já tiveram seu cargo máximo chefiado por mulheres. Esse é o maior legado que as sufragistas poderiam deixar: espaço para mais mulheres no poder.

Foto: Em Helsinque, cinco mulheres formam o governo – a maioria delas com menos de 35 anos. Emmi Korhonen / Lehtikuva / AFP









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